O Prof. Mark Greenberg é um dos maiores especialistas do mundo em educação emocional e relacional. Ao longo de sua vasta e frutífera carreira acadêmica, tem se dedicado a estudar e a estruturar meios de promover a educação integral de crianças, adolescentes e adultos em diversas cidades dos EUA e do mundo.
A entrevista está em inglês, mas a tradução e transcrição da mesma segue após o vídeo.
Entrevista
Tradução da entrevista com o Prof. Mark Greenberg:
Mariana Arantes: Em
primeiro lugar, é um prazer conhecê-lo e recebê-lo aqui no Brasil. Gostaria de
agradecer por seu tempo e por ter vindo compartilhar seu conhecimento conosco.
Eu sou jornalista aqui no Brasil e estudo na Universidade Federal de
Pernambuco. Faço pós-graduação em Educação. Me interesso por Educação Emocional
e também por Comunicação. Tenho um profundo interesse em saber porque algumas
pessoas conseguem se comunicar melhor do que outras. E um dos problemas que
mais ouço as pessoas dizerem é: "Eu não consigo controlar as minhas
emoções!". Então, eu pergunto, por quê? Por que é tão difícil? Por que
nunca aprendemos sobre como lidar com as nossas emoções, na sua opinião?
Mark Greenberg: A
questão da educação emocional é muito interessante. Eu acho que no passado, os
meios de regulação da nossa sociedade eram muito diferentes. Vivíamos em locais
pequenos, pequenas comunidades e bem estáveis. E se nós não controlássemos as
nossas emoções muito bem, as pessoas eram muito prestativas, eram situações
fáceis de lidar. Mas agora, vivemos numa sociedade extremamente complexa. E
nesta sociedade complexa, as famílias estão se mudando, as escolas estão
mudando e as pessoas estão bastante estressadas. Então, não se dá mais tanta
atenção ao indivíduo como antigamente. Então, eu acho que parte do problema é
devido ao estilo da vida moderna. Mas também é um problema de evolução, pois à medida que nos desenvolvemos como seres humanos, nós nos aprofundamos em nossa vida interior e, portanto, a expressão de nossas emoções se torna mais importante.
Mariana Arantes:
Quando trazemos isso para o campo da Educação, este problema parece ser maior.
Na sua opinião, quais são as contribuições que os benefícios que a
autorregulamentação das nossas emoções trazem para a comunicação entre
professores e alunos?
Mark Greenberg: Nós
sabemos que as crianças que sabem regular melhor as suas emoções, e nós podemos
ensiná-las a fazer isso, lidam melhor com seus amigos e também com seus
professores. E também podem aprender mais. O ganho extraordinário disso é que
as crianças que lidam com suas emoções com maior eficiência prestam mais
atenção. Dedicam-se mais às aulas e dedicam-se mais aos relacionamentos. Então,
elas aprendem mais. Existe uma relação direta entre o desenvolvimento
emocional, a regulação das emoções e o aprendizado. E por isso, o interesse das
pessoas tem aumentado sobre isso. As pessoas querem atingir seus objetivos,
isso em relação às metas nas escolas. E agora, as pessoas estão também
descobrindo que as crianças que sabem lidar com as próprias emoções aprendem
melhor. A educação sobre as emoções tem se tornado mais importante.
Mariana Arantes: Compreendo.
E o quão distante o senhor acredita que nós estamos de ter consciência da
importância da educação emocional nas escolas?
Mark Greenberg: Eu
acho que estamos apenas começando. Há 10 ou 20 anos mal tínhamos evidências que
a educação sobre as emoções poderia fazer alguma diferença. Agora, sabemos que
pode. Sabemos que os professores aprendem a como falar com as crianças sobre as
emoções, que aprendem a ensiná-las sobre com ter mais autocontrole, que também
aprendem a ensinar como melhorar seus relacionamentos e sabemos que as crianças
aprendem mais. E agora que nós sabemos de tudo isso, estamos começando o
caminho do desenvolvimento. Essa já é uma realidade nos Estados Unidos, na
Inglaterra, na Europa, na Austrália, Hong Kong, Singapura… e também está
começando a ser na América do Sul. O Peru, por exemplo, já despertou para isso. Eles perceberam que a natureza de sua nação neste século dependerá em boa parte da educação emocional de suas crianças, pois isso facilita a comunicação entre as pessoas, o trabalho em grupo, a resolução de problemas de modo criativo. Esses são requisitos para se comunicar bem e trabalhar intensamente juntos. Ou seja, estamos falando de habilidades para o século XXI, e a educação emocional é uma das mais importantes.
Mariana Arantes: Realmente.
Meu interesse no mestrado é descobrir inclusive no Brasil, como os
pesquisadores definem esta questão da educação emocional, porque nós achamos
muitos termos para falar do mesmo assunto: inteligência emocional, inteligência
social ou quaisquer outras palavras similares. Então, uma última pergunta, por
favor: Como o senhor se sente com relação ao lançamento da edição brasileira do
PATHS?
Mark Greenberg:
Isso é muito emocionante! Fiquei bastante impressionado com o imenso trabalho
que o Prof. Dr. Policarpo fez para traduzir para o português. Essa é a mais
nova edição! Já foi traduzido para o croata, coreano, chinês, espanhol, alemão, muitos
idiomas. Mas eu acho que esta versão em português é muito especial porque o
Brasil é uma das maiores e mais importantes nações do mundo. O Brasil está se
tornando uma nação mais moderna muito rapidamente. Então, ter esta versão em
português acho que será muito útil para as crianças brasileiras.
Mariana Arantes: Está
bem, mais uma vez muito obrigada pela entrevista. Tenha uma boa estada no
Brasil. Foi um prazer.